:: bolha de sabão ::

... rascunho, bloco de notas, palavras para as paredes

25.3.02


Wistful, Passionate, Bittersweet, Playful, Refined/Mannered, Brash, Sensual, Amiable/Good-Natured, Theatrical, Detached, Stylish, Literate, Sophisticated, Elegant, Nocturnal, Carefree, Cathartic, Brooding



This is Echo & The Bunnymen, my friend


A COISA FICOU PRETA NO OSCAR

Zeitgeist faz O texto sobre o Oscar®


Cada vez eu gosto mais do Rufus Wainwright. "Across the Universe" ficou linda com ele. É o melhor da trilha de I Am Sam.

23.3.02

Quando é que despertarei de estar acordado?

Desde sempre, um Álvaro é meu poeta. E hoje é noite de Tabacaria:

"Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro."

19.3.02

Todo mundo anda falando do Marcelo Mirisola. Peguei o livro, O Azul do Filho Morto. Fui de cara no lide, como um amigo meu chamava o primeiro parágrafo dos livros também: E é difícil. É isso, achei difícil. Mas fiquei curiosa. Quero ver qual é. Porque eu não tenho a menor paciência para Bukowskis da vida. E nunca li uma linha sequer desse John Fante, ídolo da garotada.

18.3.02


Eu gosto bem de new journalism. Os livros do Norman Mailer me iniciaram na coisa. E agora estou desfrutando d´A Mulher do Próximo, de Gay Talese. Trata-se de uma mega reportagem sobre comportamento sexual nos Estados Unidos a partir do pós-guerra toda totalmente baseada em personagens, bons personagens. Alguns é claro são bem óbvios e famosos, como Hugh Hefner, o criador da Playboy. Outros nem tanto, como o gerente de seguros John Bullaro, um americano mediano típico que passa a frequentar um sociedade de troca de casais e amor livre nos subúrbios de Los Angeles. Mergulhando no indivíduo, na história do personagem, Talese vai criando a linha condutora de seu romance-reportagem. E aí está sua craftsmanship, se é que se pode usar o termo. O encadeamento é perfeito, as histórias se cruzam, desembocam uma na outra, emolduradas na política, na economia, na ciência e nos costumes. E essa moldura se revela totalmente em contraponto, em negativo. Figuras públicas controversas como o censor Anthony Comstock não são endemoniadas, mas Talese acha uma contradição fundamental em suas vidas que aparece como o eixo de ações radicais. Num outro extremo do espectro, aparece gente como o editor Samuel Roth, condenado à prisão por publicar livros ditos pornográficos nos anos 50. E o celebérrimo caso de O Amante de Lady Chatterley, sua proibição e sua liberação, serve de exemplo perfeito para demonstrar as mudanças sociais. Talese passa longe do estereótipo da comunidade jovem e hippie de pessoas nuas rolando na lama com flores nos cabelos para examinar a dita revolução sexual. É claro que fica sempre a pulga criada pela mistura de reportagem e ficção. Qualquer repórter que já tenha feito uma matéria de comportamento, baseada em personagens, sabe o quanto é possível manipular, recortar e colar para criar o Frankenstein que bem entender (ou que o editor exigir). De outro lado, não há matéria mais saborosa do que a que revela o indivíduo. Nenhuma cobertura de guerra é tão chocante quanto aquela que mostra melhor a miséria da vítima do poder militar opressor. De novo, a história do "fale sobre sua aldeia e revele o mundo (acho que a citação está errada, contribuições são bem-vindas). Mesmo correndo o risco de ser injusto à história do indivíduo, o repórter precisa dar o seu recorte para ser ouvido, compreendido, amplificado. Não há como deixar de pensar na fome das pessoas pela privacidade alheia. Na necessidade de olhar o outro para ter certeza de que se é normal. Naquela entrevista linkada ali em baixo, o Jurandir Freire da Costa fala bem sobre o quanto tudo isso é estéril. É um cão correndo atrás do rabo. Acho que perdi a linha lógica desse texto, mas tudo bem, recentemente não dou tanta bola para a coerência. Outra anotação importante sobre o livro de Talese: ele próprio, apesar de sua suposta neutralidade narrativa, é uma extensa descrição de experiências eróticas com linguagem idem. Não que seja ideal para seções de masturbação, mas abusa da cadência, do ritmo e das descrições que bem poderiam estar em contos eróticos. É o caso do capítulo sobre o livro de D. H. Lawrence. Começa com um trecho do romance, artifício que livra Talese do peso de tentar reproduzir ou narrar ou explicar o efeito da literatura de Lawrence. Mas mesmo em sua inferioridade literária, jornalista emula o romancista. Ou seja, relações promíscuas por todos os lados.

15.3.02

HuH!

Depois de três semanas, vou sair à noite! Alguma vida social!

12.3.02


Não existe trabalho para todos, a família foi posta de lado, a idéia de pátria ou nação se tornou arcaica e obsoleta. Restou a competição feroz, a indiferença em relação aos miseráveis, a exploração cruel dos que ainda trabalham, a violência urbana, a epidemia de drogadições, a degradação do meio ambiente e outras tragédias que todos conhecemos. Como, então, seduzir, conquistar, convencer os indivíduos que, mesmo com tudo isso, esse sistema em que vivemos “é o melhor, o mais avançado, o mais moderno, o mais desejável”? A solução foi persuadir os indivíduos que nesse sistema temos possibilidades de ter “mais prazer, mais excitação, mais êxtases cotidianos” do que em qualquer outro conhecido! O sexo passou, assim, a ser uma espécie de “vitrine” dourada fabricada para ocultar a sarjeta moral que temos diante dos nossos olhos e narizes. Antes o sexo reprimido era utilizado para mostrar as “virtudes angelicais” da ética do capitalismo, como disse Max Weber; hoje o sexo é manipulado para exaltar a “liberdade do prazer” que só podemos ter se abrirmos mão de qualquer crença contrária ao modo dominante de vida.

Jurandir Freire não dá muitas entrevistas. Esta foi por e-mail, então não flui tanto quanto deveria. Mesmo assim, é mais uma boa oportunidade de ouvir coisas inteligentes e fora do senso comum sobre a grande feira livre do amor e do sexo.


a vida é caminho
sem meio, nem fim
caminho sozinho
em mim

11.3.02




Adorei a matéria sobre Buda na Superinteressante.

7.3.02


Querido Mestre de Obras
A fase 1 foi completada. Chão novo na cozinha, tinta branca nas paredes e dois sacos de entulho que eu não sei onde jogar! Tem uma caçamba aí?

6.3.02

Ontem mesmo estava conversando com um amigo sobre como as pessoas têm relações diferentes com o seu próprio blog e como o que se publica adquire signficados tão diversos. É óbvio, ok. O significado do texto está no leitor. E as interpretações e reações revelam as pessoas, pelo menos pequenas partes delas. Mas me surpreende que alguns justifiquem os próprios ferimentos com palavras alheias.

5.3.02



Não pretendo "fechar meu blog" nunca. Não tenho a menor intenção de fazer uma carta apocalíptica, de estilo rebuscado, explicando como essa página web perdeu seu significado. Meu blog não tem nem objetivo nem significado. É rascunho, bloco de notas, palavras para as paredes.


Zeitgeist, e o velho bastião Gainsbourg? E Les Rita Mitsuko?


Sim, eu ainda estou viva : )