Saiu mais um livro da dona Hilda, das reedições.
É
Exercícios, a reunião de seis livros de poemas, segundo a orelha, raros. Fragmentos de alguns estavam disponíveis na Internet, lá no
site dela. Aqui vão alguns dos meus "all time favorites":
I
Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e adivinha
Objeto de amor, atenta e bela,
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera
(A noite como fera se avizinha)
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar... se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.
II
É meu este poema ou é de outra?
Sou eu esta mulher que anda comigo
E renova a minha fala e ao meu ouvido
Se não fala de amor, logo se cala?
Sou eu que a mim mesma me persigo
Ou é a muher e a rosa que escondidas
(Para que seja eterno meu castigo)
Lançam vozes na noite tão ouvidas?
Não sei. De quase tudo não sei nada.
O anjo que impulsiona o meu poema
Não sabe da minha vida descuidada.
A mulher não sou eu. E perturbada
A rosa em seu destino, eu a persigo
Em direção aos reinos que inventei.
(Sonetos Que Não São - 1959)
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Nave
Ave
Moinho
E tudo mais serei
Para que seja leve
Meu passo
Em vosso
Caminho.
(Trovas de Muito Amor para um Amado Senhor - 1960)