:: bolha de sabão ::

... rascunho, bloco de notas, palavras para as paredes

28.11.02

Adoro epígrafes. E lá se vão duas:

"Quando a memória transformada em ave
Pousar sobre o meu peito a sua leveza."


(Memória - Hilda Hilst)


"Acredito sinceramente ter interceptado muitos pensamentos
que os céus destinavam a outro homem."

Laurence Sterne

(O Homem Duplicado - José Saramago)

27.11.02

Saiu mais um livro da dona Hilda, das reedições.
É Exercícios, a reunião de seis livros de poemas, segundo a orelha, raros. Fragmentos de alguns estavam disponíveis na Internet, lá no site dela. Aqui vão alguns dos meus "all time favorites":


I
Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e adivinha

Objeto de amor, atenta e bela,
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera
(A noite como fera se avizinha)

Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel

Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar... se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.


II
É meu este poema ou é de outra?
Sou eu esta mulher que anda comigo
E renova a minha fala e ao meu ouvido
Se não fala de amor, logo se cala?

Sou eu que a mim mesma me persigo
Ou é a muher e a rosa que escondidas
(Para que seja eterno meu castigo)
Lançam vozes na noite tão ouvidas?

Não sei. De quase tudo não sei nada.
O anjo que impulsiona o meu poema
Não sabe da minha vida descuidada.

A mulher não sou eu. E perturbada
A rosa em seu destino, eu a persigo
Em direção aos reinos que inventei.

(Sonetos Que Não São - 1959)


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Nave
Ave
Moinho
E tudo mais serei
Para que seja leve
Meu passo
Em vosso
Caminho.

(Trovas de Muito Amor para um Amado Senhor - 1960)

26.11.02



Nove Noites, Bernardo Carvalho

É um roman a cléf, pelo que pude entender, e tem entre seus temas a sugestão do duplo, que anda tão recorrente nos livros recentes. Discute o homem como estrangeiro completo, fora de sua cultura, diante de códigos praticamente indecifráveis. O livro é a narrativa de uma investigação sobre os motivos do suicídio de um etnólogo americano no Xingu pouco antes da segunda guerra. E o autor-narrador o faz sob o pretexto de escrever um romance. E ele, Bernardo Carvalho, esteve lá, entre os índios Krahô. Os personagens têm ligações sempre obscuras uns com os outros, nunca são reveladas explicitamente suas motivações. O narrador começa a dar as pistas sobre si mesmo quando fala da infância e do pai, que é também personagem fundamental. Há ainda a reprodução, entrecortando toda a narração, da carta-testamento deixada pelo único "amigo" brasileiro do etnólogo, que o viu por nove noites. O autor usa a repetição de duas frases, além do itálico, para definir bem tanto os motivos quanto as narrativas desses dois olhares independentes: "Isso é pra quando você vier" e "Ninguém nunca me perguntou".


what punk rock goddess are you?

brought to you by Quizilla

25.11.02

20.11.02


Para a minha lista de melhores músicas de meninas:

Lovefool - Cardigans
Doll Parts - Hole
Flower - Liz Phair

Pitchfork: Top 100 Albums of the 1980s
Em primeiro lugar, Daydream Nation - Sonic Youth :-)


- O que eu sabia? Nadinha de nada. Tentei o Mobral e desisti numa semana. Daí conheci a Maria. Ler o corpo dela na cama foi a primeira lição: bo-ca, sei-o, pen-te. Com os números do seu telefone me ensinou a contar. E brincando com as letras do nome dela não é que aprendia a e-s-c-r-e-v-e-r?

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A famosa catarata, as Sete Quedas, uma das maravilhas do mundo? O que eu vejo é o rosto, esse pobre rosto em primeiro plano.

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- Os meus cabelos eram longos assim. A mãe resolver cortar, me levou ao Salão Azul. Antes uma foto, sentada de costas - eles arrastam no chão. Ela os recolheu e guardou numa caixa de plástico. Em cada mudança, e foram muitas, lá ia junto. Quando casei, o meu grande presente foi essa caixa de fita vermelha. No terceiro dia o meu marido a olhou bem, achou cafona, atirou pela janela. E nunca mais fui feliz.

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- Tua doce lembrança, ai maldita, essa brasa dormida nas cinzas frias do meu coração.

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- Não fale, amor. Ouça: o teu coração aqui batendo aqui na minha xoxotinha.

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No balcão da lanchonete, o senhor de terno e gravata, duramente:
- Uma cerveja preta e dois sonhos.


:: Dalton Trevisan, do recém-lançado Pico na Veia

Gravity's Rainbow
By Thomas Pynchon

A screaming thing comes across the sky. It's a V-2 rocket carrying twelve thousand pounds of symbolism, and it's coming down on your poor, deluded, postmodern head.

THE END

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The Catcher In the Rye
By J. D. Salinger

Holden Caulfield
Angst angst angst swear curse swear crazy crazy angst swear curse, society sucks, and I'm a stupid jerk.

THE END


Book-A-Minute Classics - Sinopses condensadíssimas de clássicos da literatura.




19.11.02

18.11.02

Cidade de Satã
O mito é às vezes o caminho mais rápido para se chegar à realidade. A melhor prova disso é “Madame Satã”, o excepcional filme de Karim Aïnouz, que bate nas telas de todo o país como um alívio na paisagem recente do cinema nacional, que parece sedento de realidade e brasilidade buscando no rural (“Eu, tu, eles”, “Central do Brasil”, “Abril despedaçado”), nas favelas (“Cidade de Deus”) ou mesmo nas cidades habitadas por marginais de todas as extrações e origens (“O invasor”, “Bicho de Sete Cabeças”) seqüências e imagens que possam restituir de alguma forma um fiapo de identidade visual para o encanto atroz, demasiadamente atroz, de ser brasileiro.

no mínimo | Paulo Roberto Pires

13.11.02

Tá rolando uma eleição dos 5 melhores discos de rock nacional entre 1982 e 2002. Essa é a minha listinha, completamente injusta e pessoal.

:: Ira! – Mudança de Comportamento
:: Violeta de Outono – Violeta de Outono
:: Legião Urbana – As Quatro Estações
:: Chico Science e Nação Zumbi – Da Lama ao Caos
:: Júpiter Maçã – A Sétima Efervescência

9.11.02


Sloganize - Try Patsy Dee

Descaradamente roubado de Zeitgeist

Barbie - A História Que Ninguém Viu
Foi Ruth Handler, esposa de Elliot Handler [fundador da empresa norte-americana Mattel] quem teve a idéia de fabricar uma boneca adulta, que até então só existia em papel [na verdade, a boneca alemã Lili, feita de celulóide, é anterior à Barbie e pode ter inspirado Ruth Handler]. Mãe de três filhos, Ken, Skipper e Barbara, ela não teve dúvida quanto ao nome da nova boneca: Barbie, o diminutivo de Barbara. Mais tarde, Ken viria ser seu namorado e Skipper sua irmã-boneca.

Descaradamente roubado de Biscoito Doce

8.11.02

6.11.02

Tiger in a Lifeboat, Panther in a Lifeboat: A Furor Over a Novel
Surreal esta história do suposto plágio do Moacyr Scliar por Yann Martel.





Faça você também Que
gênio-louco é você?
Uma criação de O Mundo Insano da Abyssinia


5.11.02

 

Frágil - a melhor palavra para te definir. A doçura, a fé, a esperança, a beleza e a pureza são conceitos fortes que você carrega. Não se preocupe com o que possam achar, a bondade é uma dádiva. Aproveite-a


E você, qual personagem de um video da Madonna você é?

2.11.02

wh0re
what fucked version of hello kittie are you?

brought to you by Quizilla
Tem mais aqui

1.11.02

Marcel Proust Quizz

O americano intranqüilo

Ele foi chamado de "o Tchecov americano" e, de fato, como o grande escritor russo, o americano John Cheever (1912-1982) conseguia captar os aspectos mais profundos da psicologia humana. . Sua primeira narrativa foi publicada muito cedo, em 1930, pouco depois de sua expulsão por indisciplina da universidade. Com histórias que radiografavam a vida nos subúrbios de classe média, Cheever conquistaria enorme reconhecimento. A estréia no romance demorou um pouco mais, mas foi igualmente bem-sucedida. Ocorreu em 1957, com A Crônica dos Wapshot, que recebeu o prestigioso National Book Award e agora é lançado no Brasil (tradução de Assef Kfouri; Arx Editora; 403 páginas; 42 reais). Trata-se de uma saga familiar, gênero bastante cultivado no século XX e exemplificado por obras como Os Buddenbrooks, de Thomas Mann, e Os Thibault, de Roger Martin du Gard. Diferente desses escritores, porém, Cheever é um minimalista. Seu objetivo não é traçar um grandioso painel da sociedade americana. Mas ele chega a um resultado semelhante, colecionando tipos humanos que vão do comum ao insólito, sempre retratados de maneira fascinante.