A narrativa de David Lynch é alegórica, “uma sequência de metáforas que significam uma coisa nas palavras e outra no sentido”. Em Cidade dos Sonhos, ele erige suas imagens por sobre um enredo que se revela simples: a história da garota que chega a Hollywood para tentar a fama e conhece a paixão. Traída e relegada a papéis secundários, resolve vingar-se aniquilando o maior símbolo do seu próprio fracasso. Com um expressionismo peculiar, Lynch subverte totalmente a idéia do bom “contador de histórias”, tão propagada como símbolo de competência em Hollywood, e revela camadas e mais camadas do submundo da alma. Seu tema é a identidade partida, fragmentada, da protagonista. Ela é três: a jovem sonhadora, a atriz traída e fracassada e a mulher-fatal ao mesmo tempo. Troca de lugar incessantemente, na impossibilidade de encontrar a si mesma numa cidade povoada por fantasmas.

"After winter, must come spring
Change, it comes eventually"

Finalmente assisti a Cidade dos Sonhos. Medo, ilusão, realidade, delírio, desejo e decadência são uma coisa só, uma única narrativa. E a estética da angústia, da beira do precipício, do obscuro se impõe na boca do estômago do espectador.

Ela chegou!

FYI

I like Dorfmeister

CONTRA A DITADURA DA IRONIA

Hoje em dia é preciso ser irônico. Tem até banda com ironia no nome. Tem de escrever engraçadinho, sacaneando elegantemente uns e outros. Mostrando uma suposta superioridade estilística e intelectual. Pois eu quero que os textos engraçadinhos e a ironia vão para o inferno.
Ironia não é sinônimo de inteligência

Animal Tropical, Pedro Juan Gutierrez. Sucumbi ao hype e comecei a ler o homem pelo terceiro volume. Me disseram que fiz bem, já que não gosto de Bukowski e de putaria por putaria. Frases curtas, curtíssimas, enumeradas. Um sem fim de dualidades: a branca e a preta, o calor e a neve, Havana e Estolcomo, o índio e o negro. Até agora, o que mais gostei foram as auto-descrições viris. Os músculos e a força, os cheiros, a sensação de potência realizada depois do sexo.

"Not the first king of controversy / I am the worst thing since Elvis Presley / To do black music so selfishly / And use it to get myself wealthy"
Eminem, no disco novo

Estreou a MELHOR coluna sobre TV da Internet!

Loveless

Oh Tobey!

take the antisocial test.

Da série PQ, MEU DEUS, PQ????

publicaram isso aqui numa coluna em geral legal sobre "casa", mas que dessa vez derrapou feio:

"À noitinha, uma taça de vinho na mão de cada uma, começamos a eleger os títulos que melhor combinavam com cada prateleira. Os de capa mais bonita. Os mais queridos. Os que tinham mais utilidade."

e a coroação:

Dez mandamentos para organizar uma biblioteca decente
1). Selecionar apenas os livros que têm uma real utilidade.

What da fuck é uma "real utilidade" para um livro???????? Como assim escolher os de capa mais bonita??????

Eu fico sim indignada! E tenho dito.

Da série PQ, MEU DEUS, PQ????*

Ontem eu tive de assistir ao maravilhoso video As Leis Vencedoras do Marketing para participar de uma dificílima reunião de posicionamento de marca hoje, em que foi exigida enorme capacidade intelectual e também farto conhecimento bibliográfico sobre essa complexa área do conhecimento humano. Entre as descobertas maravilhosas do velhinho yankee, havia coisas como "é melhor ser o primeiro do que ser o melhor". Outro mandamento: se você não é o primeiro, crie uma categoria para que possa ser o primeiro nela.

*uma expressão engenhosamente cunhada pela dona do Auguri

Deus me livre, sempre e a vida toda, de sofrer de acasalamento cultural.

I'm not Jarvis
and I don't care about the initials. Are
you?

center>

Take the which Silent Starlet are you quiz!

Saiu uma lista dos 100 melhores livros de todos os tempos. E todos os portais deram o mesmo texto da Reuters, falando do Dom Quixote, que ficou em primeiro lugar. Num exemplo da reprodutibilidade capivarística dos jornalistas de Internet, ninguém se deu ao trabalho de dar uma olhadinha na lista completa, o mínimo esforço de apuração recomendável. Não é que lá no meio tinha Grande Sertão: Veredas, do Guimarães Rosa? E quem leu as matérias no Brasil, não sabe. Tem de ir no Guardian.

ê! chegou meu disquinho da miss kittin!

She´s after me!

Ai, quero fugir daqui, ganhar 100 milhões de dólares e nunca mais fazer nada, nada, NADA, a vida inteira.....

Ai, escrevi o texto mais sentimentalóide de toda a minha vida. E o pior é que eu gostei. Compararam até com fotonovela! Jesus! Estou perdida!

E desmoralizada :-)

Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel serrana bela,
Mas não servia ao pai, servia a ela,
Que a ela só por prêmio pretendia.

Os dias na esperança de um só dia
Passava, contentando-se com vê-la:
Porém o pai usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe deu a Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
Assim lhe era negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,

Começou a servir outros sete anos,
Dizendo: Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida.

Camões

Tou escrevendo uma materinha sobre os clássicos do amor romântico. O Nick Hornby que me perdoe, mas ouvir música pop melancólica é nada perto de ler histórias de amor clássicas. Tragédia, morte, suicídio, castração, ódio, impossibilidade. This is the real deal, baby. Dos cinco livros que escolhi, só um acaba bem, O Amor nos Tempos do Cólera. E como bem disse o Rodrigo, o velhinho depois de esperar mais de 50 anos pra ficar com a velhinha, e conseguir uma ereção aos 70, acaba tendo ejaculação precoce.

PS: a matéria é pro dia dos namorados, hehehe

ah, sintomático