:: bolha de sabão ::

... rascunho, bloco de notas, palavras para as paredes

28.3.03

A virtude está no meio
O efeito da história da literatura na cabeça dos escritores (versão ampliada e revisada) | por Mari E. Messias | Fraude

De volta à vida com computador. E agora um bem bonito, com monitor grande, conexão decente. Semana cheia de boas coisas: aula do Pasta, que está sendo devidamente anotada, e a descoberta da matriz do Basto-me. Acho que não tenho mais escapatória: vai ser literatura sim, de preferência brasileira, a minha tentativa de mestrado. E a entrevista da Ivana Arruda Leite. Mulher interssantíssima e talentosa. Escreve contos sobre mulheres, todas fodidas no amor (bem do jeito que eu gosto - na literatura, não na vida). Suas metáforas culinárias estão entre as minhas preferidas. A Receita para Comer o Homem Amado e O Pato e A Pata são duas delas. Ivana não choraminga, superou as chorumelas e a autocomiseração - passo definitivo para a boa criação. Ela está na revista PS:SP, onde publicou um conto
perfeito sobre a condição afetiva. Vou colocar aqui, se é que ela me dá licença:

OCO

Você lamenta que nada tenha dado certo entre nós. Diz que nunca amou ninguém igual, que ainda sente muito minha falta e me imagina ao seu lado até hoje, dividindo o pouco que a vida dá (um filhote de cachorro, um copo de vinho, um CD novo). Besteira lamentar: amor também é buraco, e o nosso nasceu com essa vocação. E buraco é bonito também. E vai ficando mais bonito à medida que envelhece, mais bonito e mais fundo. Vista o seu que eu visto o meu.

[Ivana Arruda Leite - a terrível]


22.3.03

Todos os Contos de Machado - FSP

Ao sabor das "Horas" | PRP

Recordações do presente| no mínimo | Paulo Roberto Pires

16.3.03

A Casa de Adão no Paraíso - FSP

Trashtalk - William Safire

15.3.03


A Influência
E, finalmente, nunca se deve desprezar a possibilidade de conter os estados de ânimo do seu próprio coração, pois esta é a base da liberdade humana.

Essa astúcia sem vítimas talvez seja a literatura, e a atividade crítica de Roland Barthes seria, então, equivalente à de um detetive que não se preocupa em incriminar ninguém -de forma bem diversa, note-se de passagem, dos terríveis julgamentos que uma de suas influências, Jean-Paul Sartre, gostava de fazer naqueles tempos. A tendência de Barthes é a de mobilizar máxima agudeza na descoberta de novas fontes de prazer estético, retirando-o dos lugares mais improváveis.

Roland Barthes se diverte com fetiches da classe média FSP

8.3.03

Fugindo da Própria Sombra
"As lembranças são necessárias, mas para serem esquecidas, para que nesse esquecimento, no silêncio de uma profunda metamorfose, nasça finalmente uma palavra, a primeira palavra de um verso. Aqui, experiência significa: contato com o ser, renovação de si mesmo nesse contato."
Estas palavras, escritas em "O Espaço Literário", podem servir como um instantâneo da obra do escritor francês Maurice Blanchot, que morreu há duas semanas, aos 95 anos. A frase concentra as três dimensões fundamentais de seus livros:
(1) A preocupação em criar uma escrita absoluta que nomeia o inominável, que designa um "contato com o ser" que ultrapassa a experiência cotidiana e seu recobrimento pelo véu das palavras ordinárias.
(2) A ocultação de qualquer vestígio biográfico como forma de expor o "ser da linguagem".
(3) A criação de uma poética em que o processo da escrita e seu perpétuo auto-exame são a personagem principal, fazendo da crítica um gênero literário."
(...)
"Talvez Blanchot tenha sido, enfim, como a escultura de Giacometti que inteligentemente ilustra a capa do livro de Bident: um homem frágil, carcomido, cultivando a invisibilidade para fugir da própria sombra."

7.3.03

Não resisti.

Este pobre navegante meu coração amante
Enfrentou a tempestade. No mar da paixão e da loucura.
Fruto da minha aventura em busca da felicidade
Ah coração meu engano foi esperar por um bem
De um coração leviano que nunca será de ninguém

Coração Leviano | Paulinho da Viola

5.3.03


The Golden Asse


Fui num bar de samba no Carnaval. Aqui em São Paulo, o lugar mais alheio à festa em todo o Brasil. O Carnaval de São Paulo só ganha fagulhas de animação porque no dia seguinte não tem trabalho. Pelo menos o ócio. Na porta, uma escultura colorida do Cartola com seus indefectíveis "shades" recepcionava a meia dúzia de pessoas que chegaria durante a noite. As figuras do samba continuavam dentro, em bonecos e em fotos, como é moda, seja qual for o tema. Roda de samba. Nelson Cavaquinho no repertório. Na véspera da quarta-feira de cinzas, a cerveja e o cigarro já tinham ultrapassado a possibilidade de prazer.

3.3.03


Oba! Uma reunião "minas" em pleno Carnaval! Tou aqui com a Lili e a Mari na casa da Lili. Chove muuuuuito, mas é tão bom estar com as amigas :-)

2.3.03

Vai ler já a A Máquina do Mundo.

Ex pres são. Como uma válvula de panela apitando ao fundo, aquela que eu ouvia 5 da tarde, com luz cor de laranja, encolhida no quintal, escondida no vão da máquina de costura. Você já comeu azedinhas? Uns trevinhos praga de jardim que eu achava mais gostoso que biscoito. Roubava escondida. Caldo de feijão no pão antes do jantar. E a cor do céu. No fundo, pairando sempre desolada, a mãe.